Sistema linfático

EMBRIOLOGIA

O sistema linfático inicia o seu desenvolvimento no final da sexta semana,

DESENVOLVIMENTO DOS SACOS E DUCTOS LINFÁTICOS

Existem seis sacos linfáticos primários no final do período embrionário:
– Dois sacos linfáticos jugulares próximos à junção das veias subclávias com as veias cardinais anteriores (futuras veias jugulares internas).
– Dois sacos linfáticos ilíacos próximos à junção das veias ilíacas com as veias cardinais posteriores.
– Um saco linfático retroperitoneal na raiz do mesentério na parede abdominal posterior.
– Uma cisterna do quilo ( L. cisterna chyli) localizada dorsalmente ao saco linfático retroperitoneal.
Os vasos linfáticos logo se juntam aos sacos linfáticos. Dois grandes canais (ductos torácico direito e esquerdo) conectam os sacos jugulares: O ducto torácico se desenvolve da porção caudal do ducto torácico direito, de anastomoses entre os ductos torácicos e da porção cranial do ducto torácico esquerdo. O ducto linfático direito é derivado da parte cranial do ducto torácico direito. O ducto torácico e o ducto linfático direito se juntam ao sistema venoso no ângulo entre as veias jugular interna e subclávia.

DESENVOLVIMENTO DOS LINFONODOS

Exceto na parte superior da cisterna do quilo, os sacos linfáticos são transformados em grupos de linfonodos durante o início do período fetal. Células mesenquimais invadem cada saco linfático e dividem sua cavidade em uma rede de canais linfáticos – os primórdios de seios linfáticos.

DESENVOLVIMENTO DOS LINFÓCITOS

Os linfócitos são derivados originalmente de células-tronco do mesênquima do saco vitelino e, mais tarde, do fígado e do baço. Os linfócitos precoces finalmente entram na medula óssea, onde se dividem em linfoblastos. Os linfócitos que aparecem nos linfonodos antes do nascimento são derivados do timo. Mais tarde, algumas células mesenquimais no linfonodo se diferenciam em linfócitos. Os nódulos linfoides não aparecem nos linfonodos até próximo e/ou após o nascimento.

DESENVOLVIMENTO DO BAÇO E DAS TONSILAS

O baço desenvolve-se de um agregado de células mesenquimais no mesentério dorsal do estômago.
As tonsilas palatinas desenvolvem-se do segundo par de bolsas faríngeas. As tonsilas são um agregado de nódulos linfoides. As tonsilas tubárias desenvolvem-se ao redor das aberturas faríngeas das tubas faringotimpânicas. As tonsilas faríngeas (adenoides) desenvolvem-se na parede da nasofaringe. As tonsilas linguais desenvolvem-se na raiz da língua.

MORFOFISIOLOGIA DA DRENAGEM LINFÁTICA E MICROCIRCULAÇÃO

ESTRUTURA DA MICROCIRCULAÇÃO

As arteríolas são muito musculares podendo alterar por muitas vezes seu diâmetro. As arteríolas terminais, metarteríolas, não tem revestimento muscular contínuo. No ponto onde cada capilar verdadeiro se origina da metarteríola uma fibra muscular lisa circunda o capilar formando o esfíncter pré-capilar, que pode abrir e fechar a entrada do capilar.
As vênulas são maiores que as arteríolas e têm revestimento muscular muito mais fraco. Contudo, a pressão nas vênulas é muito menor, assim elas podem se contrair de forma considerável.

ESTRUTURA DA PAREDE CAPILAR

A parede é composta por camada unicelular de células endoteliais e é circundada por membrana basal fina no lado externo do capilar. A membrana capilar possui duas vias de passagem.
A fenda intercelular é um fino canal curvado entre células endoteliais adjacentes em que curtas cadeias de proteínas mantém essas células unidas. Apesar dessas fendas serem apenas 1/1000 da superfície total da parede capilar, as substâncias podem se difundir facilmente entre o interior e o exterior dos capilares pelas fendas.
Nas células endoteliais, existem muitas vesículas plasmalêmicas, também chamadas de cavéolas. Estas são formadas a partir de proteínas caveolinas associadas a colesterol e esfingolipídeos. Acredita-se que elas desenpenham papel na endocitose e transcitose de macromoléculas através das células. Algumas dessas moléculas podem coalescer formando canais vesiculares.
Existem tipos especiais de “poros” nos capilares de certos órgãos:
– No cerebro, as junções entre as células são, na maior parte, “oclusivas” que só permitem a passagem de moléculas pequenas como água e oxigênio.
– No fígado, as fendas entre as células, sinusoides, são muito abertas, de modo que quase toda substância dissolvida no plasma, incluindo proteínas, pode passar.
– Nas membranas gastrintestinais, os poros são intermediários entre os do músculos e os do fígado.
– Nos glomérulos, muitas pequenas aberturas, chamadas fenestrações, permitem a passagem de substâncias iônicas e moleculares pequenas.

FLUXO DE SANGUE NOS CAPILARES – VASOMOTILIDADE

O determinante principal da velocidade do fluxo não é o diâmetro de um capilar individual, mas a área de secção transversal total de todos os capilares. Portanto, uma vez que essa área é muito grande, a velocidade do fluxo é baixa. Isso é útil pois permite que a difusão tenha tempo suficiente para atingir o equilíbrio.
Regulação. O fator mais importante para a determinação do grau de abertura e fechamento das metarteríolas e dos esfíncteres pré-capilares é a concentração de O2 nos tecidos. Quando a [O2] nos tecidos cai, os capilares passam a levar mais oxigênio.
Função Média. Apesar de o fluxo sanguíneo por capilar ser intermitente, existem tantos capilares por tecidos que seu funcionamento é a média de funcionamento de todos os capilares individuais.

DIFUSÃO ATRAVÉS DA MEMBRANA CAPILAR

O meio mais importante de transferência de substâncias, entre o plasma e o líquido intersticial, é a difusão. À medida que o sangue flui ao longo da luz do capilar, enorme quantidade de moléculas de água e de partículas dissolvidas se difunde para dentro e para fora, através da parede capilar, provocando mistura contínua do líquido intersticial e do plasma. A difusão resulta da movimentação térmica das moléculas de água e substâncias dissolvidas no líquido.
Se uma substância é lipossolúvel, ela pode se difundir, diretamente, através das membranas celulares do capilar, sem ter de atravessar os poros. Essas substâncias incluem o oxigênio e o dióxido de carbono. Suas intensidades/velocidades de transporte, através da membrana capilar, são muitas vezes maiores que as de substâncias lipoinsolúveis, como íons sódio e glicose.
Substâncias Hidrossolúveis se difundem, apenas, através de “Poros” intercelulares na Membrana Capilar. Essas substâncias incluem as próprias moléculas de água, íons sódio, íons cloreto e glicose. A velocidade da movimentação térmica molecular pelas fendas é tão grande que mesmo essa pequena área é suficiente para permitir a enorme difusão.
A permeabilidade dos poros capilares, para as diferentes substâncias, varia de acordo com seus diâmetros moleculares. A intensidade “efetiva” de difusão é proporcional à sua diferença de concentração entre os dois lados da membrana. As intensidades da difusão através das membranas capilares da maioria das substâncias nutricionalmente importantes são tão grandes que mesmo pequenas diferenças de concentração são suficientes para provocar o transporte adequado entre o plasma e o líquido intersticial.

INTERSTÍCIO

Cerca de um sexto do volume corporal total consiste em espaços entre as células, o interstício. Esse espaço contém dois tipos principais de estruturas sólidas: feixes de fibras de colágeno, estendem-se por longas distâncias pelo interstício, fornecem a maior parte da força tensional dos tecidos; filamentos de proteoglicanos, são moléculas espiraladas ou retorcidas, extremamente finas, formam trama de delicados filamentos reticulares, descritos como um “arbusto”.
“Gel” no Interstício. O líquido no interstício contém, praticamente, os mesmos constituintes que o plasma, exceto por concentrações muito menores de proteínas. O líquido intersticial fica retido, principalmente, em diminutos espaços entre os filamentos de proteoglicanos. Essa combinação tem a característica de um gel, chamada de gel tecidual. O líquido tem dificuldade em fluir pelo gel tecidual. Com isso, o gel impede o líquido de fluir facilmente pelo tecido.
Líquido “Livre” no Interstício. Líquido sem moléculas de proteoglicanos, e que, assim, pode se mover livremente. A quantidade de líquido “livre” é usualmente menor que 1 %. Por outro lado, quando os tecidos desenvolvem edema, porções e correntes de líquido livre se expandem de modo muito acentuado.
A Filtração do Líquido pelos Capilares é Determinada por Pressões Osmóticas Hidrostáticas e Coloidais e pelo Coeficiente de Filtração Capilar.
Quatro Forças, chamadas de “forças de Starling”, determinam o Movimento de Líquido através da Membrana Capilar:
1. A pressão capilar (Pc), que tende a forçar o líquido para fora do capilar;
2. A pressão do líquido intersticial (Pli), que tende a forçar o líquido para dentro do capilar. Possui um valor muito baixo;
3. A pressão coloidosmótica plasmática capilar (πp), que tende a provocar a osmose de líquido para dentro, impede, normalmente, a perda significativa de líquido do sangue para os espaços intersticiais. Está relacionada à presença de proteínas no plasma, sendo uma parte da pressão osmótica;
4. A pressão coloidosmótica do líquido intersticial (πi), que tende a provocar osmose de líquido para fora. Tende a zero devido à presença de poucas proteínas.
Se a soma dessas forças, a pressão efetiva de filtração, for positiva, ocorrerá filtração de líquido pelos capilares. Se for negativa, ocorrerá absorção de líquido.
A intensidade da filtração de líquido em um tecido também é determinada pelo número e pelo tamanho dos poros em cada capilar, bem como pelo número de capilares pelos quais o sangue flui. Esses fatores são, em geral, expressos como coeficiente de filtração capilar (Kf).
TROCAS DE LÍQUIDO ATRAVÉS DA MEMBRANA CAPILAR
A pressão média nas extremidades arteriais dos capilares é 15 a 25 mmHg maior que nas extremidades venosas. Por causa dessa diferença, o líquido é “filtrado” para fora dos capilares, nas extremidades arteriais, mas, nas extremidades venosas, o líquido é reabsorvido de volta para os capilares.
A pressão de reabsorção faz com que cerca de nove décimos do líquido que foi filtrado para fora, nas extremidades arteriais, sejam reabsorvidos nas extremidades venosas. O décimo restante flui para os vasos linfáticos, por onde retorna para o sangue circulante.

EQUILÍBRIO DE STARLING PARA A TROCA CAPILAR

Existe estado próximo ao equilíbrio na membrana capilar. Isto é, a quantidade de líquido filtrado para fora dos capilares é quase exatamente ao líquido que retorna à circulação por absorção. O ligeiro desequilíbrio existente é responsável pela pequena quantidade de líquido que, finalmente, retorna pelos linfáticos.
Nota-se um estado próximo ao equilíbrio entre as forças totais de filtração, de 28,3 mmHg e a força total de reabsorção, de 28,0 mmHg. O pequeno desequilíbrio de forças, de 0,3 mmHg, faz com que a filtração de líquido para os espaços intersticiais seja ligeiramente maior. Esse ligeiro excesso de filtração é chamado de filtração efetiva, que consiste no líquido que deve retornar à circulação pelos linfáticos. A intensidade normal de filtração efetiva em todo o corpo é de apenas 2 mililitros por minuto.
Coeficiente de Filtração. Expressando essa filtração, por cada milímetro de mercúrio de desequilíbrio, encontra-se a intensidade da filtração efetiva de 6,67 mililitros de líquido por minuto por milímetro de mercúrio, em todo o corpo. Esse valor é chamado coeficiente de filtração capilar corporal total.
Entretanto, em virtude das diferenças extremas na permeabilidade dos sistemas capilares, nos diferentes tecidos, esse coeficiente varia por mais de 100 vezes entre os vários tecidos. É muito pequeno no cérebro e no músculo, moderadamente grande no tecido subcutâneo, grande no intestino, e extremo no fígado e nos glomérulos renais.

SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático representa uma via acessória por meio da qual o líquido pode fluir dos espaços intersticiais para o sangue. É importante notar que os linfáticos transportam, para fora dos espaços teciduais, proteínas e grandes partículas que não podem ser removidas por absorção direta pelos capilares sangüíneos.

CANAIS LINFÁTICOS DO CORPO

Quase todos os tecidos corporais têm canais linfáticos, as exceções incluem as porções superficiais da pele, o sistema nervoso central, o endomísio dos músculos e os ossos. Entretanto, mesmo esses tecidos têm minúsculos canais, referidos como pré-linfáticos.
Em essência, todos os vasos linfáticos da parte inferior do corpo, a linfa do lado esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de partes da região torácica escoam-se para o ducto torácico que, por sua vez, se escoa para o sistema venoso de sangue, na junção da veia jugular interna esquerda com a veia subclávia esquerda.
A linfa do lado direito da cabeça e pescoço, braço direito e partes do hemitórax direito segue pelo ducto linfático direito (muito menor que o ducto torácico), que se escoa no sistema venoso de sangue, na junção da veia subclávia direita com a veia jugular interna direita.

ESTRUTURA ESPECIAL DOS CAPILARES LINFÁTICOS

As células endoteliais do capilar linfático são presas por filamentos de ancoragem ao tecido conjuntivo que o circunda. Nas junções entre as células endoteliais adjacentes, a borda de uma célula se sobrepõe à borda da célula seguinte, de modo que a borda sobreposta fica livre para se dobrar para dentro, formando, assim, uma válvula minúscula. O líquido intersticial, junto com as partículas suspensas, pode pressionar e abrir a válvula, fluindo, diretamente, para o capilar linfático. Entretanto, esse líquido tem dificuldade para deixar o capilar, uma vez que tenha entrado, porque qualquer refluxo fecha a válvula. os linfáticos têm válvulas nas extremidades dos capilares linfáticos terminais, bem como válvulas ao longo de seus vasos mais grossos.

FORMAÇÃO DA LINFA

Logo após entrar nos linfáticos terminais, ela apresenta, praticamente, a mesma composição que o líquido intersticial. A linfa formada no fígado apresenta concentração elevada de proteína. Cerca de dois terços de toda a linfa são, em condições normais, derivados do fígado e dos intestinos.
O sistema linfático é, também, uma das principais vias de absorção de praticamente todos os lipídios dos alimentos, mesmo grandes partículas, como bactérias, podem passar através das células endoteliais À medida que a linfa passa pelos linfonodos, essas partículas são quase inteiramente removidas e destruídas.

FLUXO

O fluxo depende basicamente de ondas de contração do músculo liso da parede dos vasos linfáticos maiores. O fluxo é auxiliado pelas fibras contráteis das células endoteliais, pelas valvas unidirecionais e pela compressão externa gerada pelos músculos esqueléticos.

SISTEMA LINFÁTICO NO CONTROLE DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNA, VOLUME E PRESSÃO DO LÍQUIDO INTERSTICIAL

O sistema linfático funciona como um mecanismo de transbordamento para devolver à circulação o excesso de proteína e de líquido nos espaços teciduais. Desempenha papel central no controle (1) da concentração de proteínas, (2) do volume e (3) da pressão do líquido intersticial.
Pequenas quantidades de proteínas extravasa continuamente dos capilares sanguíneos para o interstício. Quantidade muito pequena dessas proteínas retornam à circulação.
Essas proteínas tendem a se acumular no líquido intersticial, o que aumenta a pressão coloidosmótica dos líquidos intersticiais. Ocorre a translocação osmótica de líquido para fora da parede capilar em direção ao interstício, aumentando o volume e a pressão do líquido intersticial. Por fim, provoca grande aumento da intensidade do fluxo linfático.

TIPOS DE EDEMA

O edema refere-se à presença de excesso de líquido nos tecidos do corpo. Na maioria das vezes, o edema ocorre no compartimento de líquido extracelular, mas também pode envolver o líquido intracelular.

EDEMA INTRACELULAR

Duas condições são especialmente propensas a causar: (1) depressão do sistema metabólico dos tecidos, e (2) falta de nutrição adequada às células. Por exemplo, quando o fluxo sangüíneo para um determinado tecido é reduzido, a distribuição de oxigênio e de nutrientes também é reduzida, dessa forma, as bombas iônicas da membrana celular têm sua atividade comprometida. Quando isto ocorre, os íons sódio, que normalmente vazam para o interior da célula, não são bombeados a contento para o meio extracelular. Esse excesso de íons sódio no meio intracelular causa osmose para dentro da célula.

EDEMA EXTRACELULAR

Geralmente existem duas causas para o edema extracelular: (1) vazamento anormal de líquido plasmático para os espaços intersticiais através dos capilares, e (2) falha do sistema linfático em retornar líquido do interstício para o sangue.
A causa clinicamente mais comum para o acúmulo de líquido no espaço intersticial é a filtração excessiva do líquido capilar. Fatores que podem aumentar a velocidade da filtração capilar:
– Aumento do coeficiente de filtração capilar.
– Aumento da pressão hidrostática capilar.
– Redução da pressão coloidosmótica do plasma.
Quando ocorre um bloqueio linfático, o edema pode tornar-se grave, pois as proteínas do plasma que vazam para o interstício não são removidas para a circulação. O aumento na concentração de proteínas do interstício aumenta a pressão coloidosmótica do líquido intersticial, e ainda mais líquido é filtrado dos capilares.
Existem três fatores de segurança que evitam acúmulo excessivo de líquido nos espaços intersticiais: (1) baixa complacência do interstício quando a pressão intersticial for negativa, (2) a habilidade de o fluxo linfático aumentar de 10 a 50 vezes o normal, e (3) a diluição das proteínas do líquido intersticial quando a filtração capilar aumenta, o que causa redução da pressão coloidosmótica do líquido intersticial.

REFERÊNCIAS

Guyton AC; Hall, JE. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

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