ANATOMIA DO SNA
Todas as vias autonômicas consistem em dois neurônios em série. O primeiro, o neurônio pré-ganglionar (n-pré-g), origina-se no SNC e projeta-se para um glânglio autonômico, que se localiza fora do SNC. Neste local, esse neurônio faz sinapse com o neurônio pós-ganglionar (n-pós-g). Este neurônio tem o corpo celular no gânglio e projeta seu axônio para o tecido alvo (um gânglio é um agrupamento de corpos de neurônios localizado fora do SNC).
Em média, um neurônio pré-ganglionar faz sinapse com oito ou nove neurônios pós-ganglionares, e alguns podem fazer sinapse com até 32 neurônios, isso se chama divergência.. Cada n-pós-g pode inervar um alvo diferente, o que significa que um sinal do SNC pode afetar um grande número de células alvo, principalmente no simpático.
O SNS possui duas cadeias de gânglios paravertebrais, interconectadas com nervos espinhais, ao lado da coluna vertebral; dois gânglios pré-vertebrais, o celíaco e o hipogástrico; e nervos que se estendem dos gânglios aos diferentes orgãos. As fibras nervosas simpáticas se originam na medula espinhal entre os segmentos T1 e L2.
A maior parte dos gânglios simpáticos está perto da medula espinal, por isso, as vias simpáticas normalmente possuem n-pré-g curtos e n-pós-g longos. O corpo celular de cada neurônio-pré-ganglionar se localiza no corno intermediolateral da medula espinhal, sua fibra passa pela raiz anterior da medula para o nervo espinhal correspondente.
Após nervo espinhal deixar o canal espinhal, as fibras pré-ganglionares. deixam esse nervo e passam pelo ramo comunicante branco para um dos gânglios. Então, o curso das fibras pode ser: (1) fazer sinapse com n-pós-g no gânglio que entra; (2) se dirigir para cima ou para baixo e fazer sinapse com outro gânglio da cadeia; (3) ou se dirigir para fora da cadeia e fazer sinapse com um gânglio periférico.
Algumas fibras passam de volta para os nervos espinhais pelos ramos comunicantes cinzentos. Essas fibras se estendem para todo o corpo por meio dos nervos esqueléticos.
Muitas vias parassimpáticas originam-se no tronco encefálico e seus axônios deixam o encéfalo nos nervos cranianos III, VII, IX e X. Outras vias originam-se na região sacral, geralmente os segundo e terceiro nervos espinhais sacrais, e controlam os órgãos pélvicos. Em geral, os gânglios estão localizados próximo ou nos órgãos-alvo. Dessa forma, os neurônios-pré-ganglionares possuem axônios longos e os neurônios-pós-ganglionares possuem axônios curtos. O nervo vago contém cerca de 75% de todas as fibras parassimpáticas, e leva informação dos órgãos para o encéfalo e o caminho contrário.
FISIOLOGIA DO SNA
O sistema nervoso periférico pode ser dividido em neurônios motores somáticos, os quais controlam os músculos esqueléticos, e neurônios autonômicos, os quais controlam os músculos lisos e cardíaco, diversas glândulas e parte do tecido adiposo.
A maior parte dos órgãos internos está sob controle antagonista, no qual uma subdivisão autonômica é excitatória e a outra é inibitória. Exceções incluem as glândulas sudoríparas e o músculo liso da maioria dos vasos sanguíneos. Esses tecidos são inervados somente pelo simpático e dependem do controle tônico. Algumas vezes o SNS e o SNP trabalham em conjunto para atingir um objetivo em comum, como no ato sexual.
De forma geral:
– Os neurônios-pré-ganglionares do SNS e do SNP liberam acetilcolina (ACh) em receptores colinérgicos nicotínicos nos n-pós-g.
– Os neurônios-pós-ganglionares simpáticos liberam noradrenalina em receptores adrenérgicos nas células-alvo.
– Os n-pós-g parassimpáticos secretam Ach em receptores muscarínicos situados nas células-alvo.
Contudo, alguns n-pós-g simpáticos, como os das glândulas sudoríparas, secretam ACh invés de noradrenalina. Esses neurônios são denominados neurônios simpático colinérgicos.
Um pequeno número de neurônios, como nos brônquios, não secreta nem Ach nem noradrenalina, sendo conhecidos como neurônios não adrenérgicos não colinérgicos. Algumas das substâncias químicas que eles utilizam incluem a substância P, a somatostatina, o peptídeo intestinal vasoativo, a adenosina, o óxido nítrico e o ATP.
SINAPSE
A sinapse entre o n-pós-g e a célula alvo é chamada junção neuroefetora. A sinapse autonômica difere da sinapse típica. As terminações dos axônios pós ganglionares possuem uma série de protuberâncias espaçadas, semelhante a um colar de contas. Cada uma dessas dilatações bulbosas, as varicosidades, contém vesículas cheias de neuroransmissores.
Os terminais ramificados do axônio estendem-se ao longo da superfície da célula-alvo e libera os neurotransmissores no líquido intersticial. Eles se difundem até onde os receptores estão localizados. Essa liberação difusa implica que um único n-pós-g pode afetar uma grande área de tecido alvo.
SÍNTESE DE NEUROTRANSMISSORES
A síntese ocorre nas varicosidades do axônio, que são armazenados em vesículas sinápticas. A liberação das vesículas ocorre com a entrada de Ca++. Quanto maior a quantidade de neurotransmissor, mais longa e forte é a resposta. A ativação do receptor termina quando o neurotransmissor: (1) é difundido para longe da sinapse; (2) é metabolizado por enzimas; (3) é transportado ativamente para dentro das células. A recaptação permite que os neurônios reutilizem as substâncias.
MEDULA ADRENAL
É descrita como gânglio simpático modificado. Os n. pré-g. projetam-se da medula espinal para a suprarrenal, onde fazem sinapse. Os n. pós-g. não possuem axônios e são chamados de células cromafins. Essas células secretam adrenalina no sangue.
RECEPTORES
RECEPTORES ADRENÉRGICOS
Os receptores adrenérgicos são acoplados à proteína G, por isso, a resposta da célula se inicia mais lentamente e em geral dura mais tempo. O efeito duradouro pode ser resultado da síntese ou modificação de proteínas. Os neurotransmissores são sintetizados a partir da Tirosina, que vira L-dopamina, dopamina, noradrenalina e por fim adrenalina. São degradados pela monoaminoxidase (MAO) nas mitocôndrias da varicosidade.
Os receptores alfa respondem fortemente à noradrenalina e fracamente à adrenalina.
– Alfa1: ativa a fosfolipase C e aumenta da [Ca++], promovendo vasoconstrição, relaxamento da musculatura lisa gastrointestinal, glicogenólise.
– Alfa2: inibe a adenililciclase reduzindo a [AMPc], diminuindo a liberação de neurotransmissores adrenérgicos (feedback negativo).
Os receptores beta estimulam a adenilato ciclase aumentando a [AMPc], que causa a fosforilação de várias proteínas.
– Beta1: Ativam a adenililciclase aumentando o [AMPc], causando aumento da frequência e força de contração cardíaca e relaxamento da musculatura lisa gastrointestinal.
– Beta2: Ativam a adenililciclase causando broncodilatação e vasodilatação, principalmente nos músculos esqueléticos. Mais sensível à adrenalina. Não são inervados. Aumenta o efluxo de potássio.
– Beta3: Estimula a AC. Promovem a lipólise. São mais sensíveis à noradrenalina.
RECEPTORES COLINÉRGICOS
A ACh é sintetizada a partir da Acetil CoA + Colina, e é degradada pela Acetilcolinesterase na fenda sináptica.
– R. Nicotínicos: são canais iônicos. Estão na junção neuro muscular esquelética, na transmissão nos ganglios simpáticos e parassimpáticos, e no SNC. Em geral, aumentam a permeabilidade ao Na+ e ao K+.
– R. Muscarínicos: são acoplados a proteína G.
– M1: Ativa a fosfolipase C. Aumento da função cognitiva (aprendizado e memória). Aumenta a secreção gástrica.
– M2: Inibe a adenililciclase diminuindo o AMPc. Presente na musculatura cardíaca, diminuindo a atividade do coração. Aumenta a contração do músculo liso.
– M3: Ativa a fosfolipase C. Aumenta a contração do musculo liso (bexiga e brônquios); aumenta a secreção salivar.
REFERÊNCIAS
Fisiologia – Silverthorn 5ª Ed.
Farmacologia – Goodman 12ª Ed.